Parábola do Zé

Zé era uma dessas pessoas que vive fugindo das dificuldades e de encarar os problemas.

Sempre procurou caminho mais curto e cômodo. Era mestre em atalhos.

Nem sempre suas soluções eram as melhores e mais corretas. Mas sempre estavam de acordo com os seus próprios interesses. Sofrimento e sacrificio era uma palavra que simplesmente não existia no dicionário do Zé.

Tudo o que pudesse provocar algum tipo de desconforto era imediatamente colocado em segundo lugar. Coisas como: solidariedade, amor, humildade, perdão...

Um dia Zé morreu...

Ao chegar no Céu encontrou Jesus em frente a uma grande porta com uma imensa cruz de mais ou menos cinco metros.

Zé saudou-o com a intimidade de um velho conhecido, pois freqüentava a igreja aos domingos, mas sem se envolver muito é claro. Do mesmo jeito que fazia com os amigos nos bares da vida, quando queria pedir algum favor, chegou para Jesus e perguntou: E aí Jesus qual o caminho mais curto para o céu?

Jesus respondeu:
"Seja Bem-vindo, Zé! Como esta escrito Eu sou o caminho a verdade e a vida e a porta é por aqui mesmo ... Entre!"

O Zé entrou e viu uma longa escada, bastante estreita e pedregosa. E perguntou imediatamente, como fazia nos velhos tempos: Não tem um caminho mais curto?

Jesus respondeu com ternura e autoridade: "Não, Zé. O caminho é esse mesmo. Todos os que entram no céu passam por aqui. E tem mais. Você deverá levar esta Cruz até lá, pois esta escrito aquele que quer me seguir deve levar a sua cruz . São apenas cinco quilômetros de caminhada, você consegue."

O Zé olhou para a Cruz e pensou com seus botões: Vou dar um jeitinho. Agradeceu e saiu com sua Cruz em direção ao Paraíso. Caminhou um quilometro sem dificuldades. Foi então que viu um serrote esquecido no chão. Olhou ao redor, não viu ninguém e não resistindo a tentação, cortou um metro da Cruz.

Continuou o seu caminho mas levou junto o serrote. Mais um quilometro ... mais um metro cortado. Mais um quilometro ... cortou outro metro.

Quando faltava apenas cem metros para chegar no Céu só havia mais um metro da Cruz. E lá ia o Zé carregando a cruz sem dificuldade, como sempre fez durante toda sua vida. Foi então que aconteceu o inesperado. Para chegar até o Céu, seria necessário atravessar um precipício. A distancia até a outra margem era de cinco metros. O Zé podia ver apenas um fogo intenso no fundo do precipício. Faltou coragem... ele não seria capaz de saltar tão longe. Desanimado, sentou. Lembrou então que nos cultos falavam que quando clamasse o Espírito santo ouviria a sua voz e lhe traria consolo e orientação, e ajoelhou orou.

Começou a orar... e logo ouviu a voz do Espírito Santo, perguntando-lhe:

* Ei Zé... Qual a sua aflição filho, o que você está esperando? A festa lá no Céu está uma maravilha! Você não está escutando a música e as danças?... Porque você está aqui sentado?

O Zé respondeu: Cheguei até aqui, mas tenho medo de pular este precipício. O Espírito Santo, então, exclamou:

* Ora, Zé use a ponte!

Que ponte?... perguntou o Zé. Ele respondeu: Aquela que Jesus lhe deu lá na entrada! Onde está a sua ponte, Zé? E, Zé compreendendo o seu grande erro respondeu-lhe tristemente:

* Eu cortei!

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